Mónica Marinheiro apresenta-nos um Livro de Viagem que procura cruzar informação provinda de fontes cientificas com a sua própria análise sobre as obras e projectos de arquitectura que visita.
No entanto o levantamento sobre os conteúdos é, na sua maior parte, descritivo: “a exposição oferece um lugar olhar único e revelador sobre o processo criativo, lógica programática e metodologia de trabalho de Peter Zumthor” (p.6), como se tal facto fosse desconhecido para quem lê o texto. E no entanto o mesmo texto arreda-se de análises mais profundas sobre o teor do conteúdo observada, limitando-se a aplicar um “método de trabalho” que passa pelo uso de citações. Ao contrário de confirmarem o ponto de vista de Mónica, as citações são aqui usadas como corpo centrar da análise, o que relega para segundo plano qualquer conteúdo próprio da Aluna. Esta simplesmente afirma coisas como “uma experiência diferente e miuto agradável”, como se estivesse a descrever uma tarde na praia.
Nesse sentido aquilo que se retira da primeira parte do texto de Mónica é a insuficiência de capacidade de análise dos conteúdos, a falta de reflexão, e a ausência de conclusões que nos permitam descortinar as ideias que a Aluno retirou da exposição.
No Capítulo Sensações Pessoais Mónica procura redimir-se: “um dos pontos fulcrais da obra (…) é sem dúvida a luz” (p.12), ou “os espaços criados são por si só objectos de contemplação” (idem), usando termos como “atmosfera pacífica desmesuradamente confortável e afável” (p.13). A Aluna permite-se alguma liberdade subjectiva (pessoal): “Cada espaço tem um enorme carácter de aparente simplicidade, serenidade, sinceridade, entre muitos adjectivos…sinto que estou a descrever quase que um ser vivo…” (p.13) o que, demonstrado embora alguma dificuldade em lidar de forma analítica com o teor da obra de Zumthor, nos permite entender o envolvimento com a arquitectura do autor.
Uma das conclusões a que Mónica chega é a de que “a arquitectura [de Zumthor] situa-se entre o foro fenomenológico e o estilismo poético” (p.12), o que, passe a redundância, é uma das possíveis leituras da exposição. E no entanto a Aluna não é capaz de levar essa conclusão a bom termo no que diz respeito á comparação entre essa ideia fenomenológica e a natureza dos espaços, edifícios e obras que posteriormente visita: “torna-se um acto inadvertido da minha parte, não sabendo, eu própria, bem o porquê desse sentimento” (p.20).
Em resumo: trata-se de um trabalho que demonstra algumas fragilidades no domínio do registo e do método científico, mas também a (ainda) parca cultura arquitectónica, que permitira á Aluna dissertar de forma autónoma. O trabalho é, nesse sentido, pouco claro em termos da sua utilidade, quer para a Aluno (um Livro de Viagem também é um registo para a posterioridade), quer para o leitor, que pouco apreende e nada aprende sobre o suposto conteúdo académico do exercício.
Quando a Aluno afirma (legitimamente) não registar informação já existente noutras fontes, e posteriormente refere querer “depositar essencialmente o [seu] sentimento, o que [lhe] proporcionou [cada obra], e o porquê” (o que continua a ser legitimo) esquece-se que o seu ponto de vista enquanto arquitecta deveria ser uma forma de olhar os fenómenos arquitectónicos de um outro modo, mais informado, mais rigoroso, mais culto; devendo ser capaz de descortinar por detrás de ambientes e atmosferas o modo como Zumthor os consegue atingir. Porque, simplesmente, era essa a utilidade do exercício: dominar a matéria arquitectónica como forma de chegar a determinada expressão.
Não há bibliografia, nem paginação, nem índice; e algumas imagens não são legendadas.
O formato do trabalho e a própria composição do trabalho remetem á formula de Livro de Viagem, o que é de certa forma uma vantagem; embora o tipo de fonte usada (sobretudo sobre imagens) dificulte a leitura.
A Viagem de Mónica Marinheiro
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Eládio Dieste
A obra do Uruguaio Eladio Dieste (1917-2000) entre a década de 50 e o final do séc., numa edição de luxo da Electa. O livro fica a cargo de Mercedes Daguerre, e tem textos de Mario Chirino, de Graciela Silvestri e do próprio Dieste: senza la rivelazione del mistero del mondo che viene dall'arte non faremo mai della nostra vita qualcosa di realmente umano.
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Obradoiro
O regresso de uma das publicações mais significativas do final da década de 80 / principios de 90, em Espanha e Portugal. Publicado pelo Colexio Oficial de Arquitectos de Galicia, e sob a Direcção de Carlos Pita, o número 33 de Obradoiro dedica-se ao Pequeno. Destaque-se o texto e Óscas Tenreiro (o Legado de Firminy), e os projectos de Solano Benítez e de César Portela.
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